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As duas naturezas do egoísmo [Olga Borges Lustosa]

As duas naturezas do egoísmo
 
Se a consequência do individualismo carecia de base teórica e empírica, uma nova descoberta de cientistas da Universidade de Sidney, na Austrália, pela primeira vez, isolou o gene do egoísmo em abelhas fêmeas. O conceito que era apenas aceito, agora está confirmado. Isso significa que o gene do egoísmo existe e não apenas em teoria, mas na realidade e pode estar abrigado no núcleo das minhas e das suas células.
Há traços do egoísmo em todo processo da nossa evolução. Interesses pessoais não se extinguem, não desaparecem completamente, não são sequer camuflados. Só que as sociedades evoluíram e os laços que unem as pessoas deixaram de ser apenas pessoais e como membros da mesma sociedade e devemos nutrir sentimentos comuns de convivência e compartilhamento harmonioso. Mas a civilização tem suas imperfeições e seus perigos.
O egoísmo separa o individuo de tudo, confina a pessoa em si própria, fecha todos os horizontes. Qualquer observador hoje confirma que estamos nos tornando mais egoístas; maus modos e grosseria são evidentes. As pessoas trabalham apenas para si, colocam suas próprias necessidades antes das dos outros, e tentam distorcer os acontecimentos das ordens naturais em seu favor quase todos os dias. Todo mundo quer ser um indivíduo único neste mundo. Isso não seria um problema em si, mas somos 7 bilhões de pessoas no planeta, se cada um decidir agir individualmente, o que será?
Num estudo sobre o comportamento egoísta das classes sociais, pesquisadores emitiram um veredicto devastador sobre os altos escalões da sociedade. Descobriram que as pessoas privilegiadas frequentemente se comportam pior que os outros em uma série de situações, com maior tendência a mentir, trapacear, tirar os outros do caminho, não parar para pedestres em cruzamentos. Na ponta dos estudos o psicólogo Paul Piff , do Institute Social of Personality observou secretamente o comportamento das pessoas e constatou que os motoristas dos carros mais caros eram a maioria dos que não aguardavam o sinal ou davam preferência aos outros, inclusive pedestres. Interessante ver como o efeito varia entre as culturas. Em raros momentos da pesquisa, ambas as classes se comportaram iguais.
Visto que o egoísmo tem ligações intrínsecas com a ganância, o indivíduo ao ocupar escalões mais altos começa a ver-se com mais direitos e desenvolve um elevado foco em si mesmo, o ambiente social fica mais favorável as suas ações predadoras e ele perde inclusive, a noção dos riscos de seu comportamento fechado em si mesmo.
Sempre nos disseram para não sermos egoístas porque o egoísmo é uma característica ruim, no entanto, contrapondo o estudo apresentado acima, a Stanford Graduate School of Business (GSB), apresenta o egoísmo como um componente vital da recuperação pessoal e afirma que os indivíduos que agem em seu próprio interesse, são mais propensos a ganhar prestígio e reconhecimento de liderança dentro dos seus grupos sociais do que aqueles que apresentam características altruístas e contribuem para o bom resultado da equipe.
Esses resultados não devem de modo algum desencorajar as pessoas no processo de demonstrar generosidade. Eles simplesmente explicam como opera o comportamento do indivíduo que trabalha em um ambiente competitivo. Na política é bem fundada a presunção de que o homem público que se deixa corromper, é de espírito egoísta, pois antepõe o interesse individual ao coletivo, o próprio bem ao bem comum.

Olga Borges Lustosa é cerimonialista pública e acadêmica de Ciências Sociais pela UFMT e escreve exclusivamente no blog  do Romilson toda terça-feira 
olga@terra.com.br

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